René Kivitz, cristão, pastor evangélico

04-04-2009 21:56

  

 

O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros.

 
 
 
Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada
vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em
detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos
morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas
e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o
inferno; ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo;
ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo
na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo
religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação
ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se
o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita
kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as
pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a
intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de
outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso
sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por
aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela
conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de
existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio
através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus,
com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores
como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade,
amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a
todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio
de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem
com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo
da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e
iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no
ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua
religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e
dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de
uma paralisia mental.

 
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